Podia chamar-te ódio


Eu não sei porque te amo tanto. Dás-me a volta ao estômago como se amar-te me fosse proibido por cada célula do meu corpo, como se o sentimento que sinto por ti fosse uma doença que me corre no sangue e sempre sem cura. Nem sei porque te amo tanto porque tu nunca me mostraste amor, enquanto pregas o quanto gostas de mim aos outros mas em casa nunca soubeste louvar os meus beijos. Nem os meus feitos, que por muito que fossem pequenos, e não foram, eram todos para tu me veres com orgulho. Não sei de que me vale ser boa, má, simples ou complicada ao teu lado, tu nunca me vês. Quando te defendi com uma pequena mão enquanto o via com a camisa cheia de sangue pronto a matar-te, senti-me tão igualmente inocente e corajosa como agora enquanto me perguntas que mal me fizeste. Nenhum. Só não me ensinaste a estar viva. Não me ensinaste a ter que ouvir as tuas palavras que me reduziam e parar de te admirar. Tenho uma pedra no lugar do coração, sou dura e todos aqueles que me passarem na vida não me vão chegar porque tu nunca me ensinaste o que era amor. Porque tu nunca correspondeste. Sempre me disseste que eu era bonita mas nunca me disseste que eu era capaz, sempre me disseste para fazer as coisas mas nunca para o fazer por mim e é por isso que eu sempre fiz o que quis. Porque me lembro de cada tom com que me ofendeste e de cada dia que me fizeste sentir mal por ser como sou. Vivo um inferno contigo para te provar que está tudo errado. Que por muito que me pudesses dar agora, nada me tiraria esta vontade de fugir. Infelizmente tanto de ti como dos outros lembro-me de todos os pormenores e quando a hora chegar, porque ela vai chegar, eu vou falar. Tu destróis tudo o que há de bom em mim. Só sou má na tua presença, só cultivo ódio aos teus olhos, só tenho vontade de matar porque nem isso me ensinaste a condenar. Não consigo comer há dois dias e estou a matar-me aos poucos, deitada na cama a imaginar o que seria não estar aqui. Nunca ter nascido desse amor pelo demónio que tu tens. Reduzes toda a minha vontade de existir, estou doente e mais uma vez estou por tua causa. Agora que reparo todos os meus desgostos foram reservados para ti. Devo por isso deixar de te amar e talvez não consiga mas devo deixar de praticar este amor. Eu não escolhi estar aqui, por isso não me faças a vida negra. Não me tornes em mais uma vitima do teu coração que não foi amado, que viu a morte de perto, que perdoou a morte porque o amor é cego. Eu não quero ser como tu, deixa-me viver. Por favor, deixa-me ir embora. Por favor, eu gosto do tu fizeste comigo, daquilo em que tu me tornaste mas não me faças odiar-te agora que sempre aceitei amar-te. Deixa-me ir em paz. Não mates este amor também, porque apesar de não saber porque te amo tanto e de este amor me destruir, é o único que tenho e que sempre tive. Ensinaste-me a escolher o amor e estou cansada do nosso. Não há nada que nos torne piores do que aprender a sobreviver. Podia chamar-te ódio, mas escolho chamar-te de amor. 

2 comentários:

  1. Amor não é se envolver com a pessoa perfeita,
    aquela dos nossos sonhos.
    Não existem príncipes nem princesas.
    Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
    O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.
    Bela postagem!
    bj linda!

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    1. Não se trata de amor no sentido romântico aquilo que aqui falo. Mas não deixa de ter razão quando diz que o amor só é lindo quando nos transforma em algo melhor e isso não se verifica, portanto...
      Obrigada pelas palavras :) Volte sempre!

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