Por um dia gostava de aterrar na tua terra. Superar as dificuldades da auto-estrada cheia de curvas perigosas. Saber o que é sentir as tuas palavras quando são as minhas que ouves, porque não as ouves há muito tempo. Não queria calçar os teus sapatos, só queria saber quanto tempo demoras a calçar-te de manhã. Se tens preguiça de sair de casa ou se apenas não sabes escolher que cor usar num dia nublado. Não escolhi um dia de sol porque acho que os teus dias são mais bonitos quando estás perdido. Às vezes, gostava de colocar um cartão ao alto, escrito com uma frase bonita qualquer que me levasse directamente ao teu destino. Se tivesses o teu destino como teu. Mas não passo perto da tua terra nas minhas viagens, não sei se tenho medo de não querer voltar ou se apenas tenho a mesma preguiça matinal. O nosso amanhecer acontece da mesma forma e nunca te visitei porque temo que nada seria diferente do que já foi. Não gosto de tocar no passado, as pessoas partem e perdem expressão. Mas gosto de falar dele e hoje apetecia-me falar com ele. Gostava de sentir as paisagens como sentes, velhas, e dar-te a minha esperança, nova. Mesmo que de passagem gostava mesmo de estar na tua terra. O espaço, o tempo, as horas dos pés em contacto com o chão de sempre, mas ando sempre, também, com a cabeça no ar. Como um produto da minha imaginação, és mais um habitante de um universo paralelo que me bateu à porta perdido na quarta dimensão de te sentir. Se eu me encontrasse na maneira simples de nunca ficar muito tempo num lugar, se eu deixasse de ter responsabilidade de estar, se eu fosse, talvez te batesse eu mesma à porta. Não sei se pedia desculpa pelas palavras sem sentido porque nenhuma que eu diga tem realmente uma verdade, mas ouvia-te. Podias contar-me as histórias que quisesses, eu também sou boa a fazê-lo. Por um dia gostava que esta fosse a minha história, sem precisar de ser escrita porque a vivi. A primeira vez que vives selvagem reparas que há muitas terras onde devias ter ficado por mais tempo, mas quem tem liberdade de pensamento foge a toda a hora. E eu ainda não me cansei de andar, simplesmente andar.
queres matar-me, não queres?
ResponderEliminarSendo que a Quinta Dimensão é a Deambulação Perene.
ResponderEliminarAdoro a tua forma de escrever, fascinante!*
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