Começo a entender o porquê de gostar tanto de um minimalista imposto nos objectos e da simplicidade nas pessoas, do peculiar que se faz de poucas linhas e do bom gosto que se faz de neutro. Sempre tentei camuflar-me e embora nunca tenha tido muito sucesso, começo a reclamar de falta de sensações. Sempre quis que reparassem em mim como eu reparo em tudo à minha volta. De atenção para os pormenores e questionar um pouco aqui e ali porque a dúvida - penso eu - leva a coisas bonitas. E apesar de tentar absorver o máximo de cada coisa, apanho-me muitas vezes a ficar surpreendida com edifícios, jardins e pessoas na rua. Tudo acaba por ser um poema. Uma ode a qualquer coisa. Muito em especial à natureza que é esse elemento que tem beleza em tudo. E gosto da pureza e das coisas depuradas de grandes imagens, de cientistas que não são conhecidos e de bandas que ninguém ouve. Acho que ver as coisas assim tem muito de loucura. E é porque a maior loucura de todas é ser realista ao ponto de achar que tudo é um sonho. E por isso tenho que dar uma hipótese às coisas que fazem parar para olhar. Eu tenho o passo muito acelerado devido à minha fome de viver, mas tenho a certeza que parava na rua para olhar para ti. E eu estou a escrever sobre gostar de coisas simples porque embora não pareça, penso que sejas uma. Tu e isto. Nós ligamos-nos por palavras, apenas e só. E deixamos a meio o que temos para dizer porque achamos que a sintonia está do nosso lado e nem é preciso falar para que se entenda. A meio deixamos tudo por dizer, eu sei. As palavras são fortes e o silêncio é mais. Mas eu tenho uma falta de ti que nenhuma imaginação pode comprar. Nunca nada é por falta de oportunidade no nosso caso e esperemos nunca vir a precisar do acaso, mas há coisas que de serem tão belas me engasgam, me assustam, me prendem a ser pouco mais que uma pessoa qualquer extasiada pela potencialidade da vida. E tu és umas dessas coisas. Uma dessas coisas bonitas, sem grande história para comprar senão que nos encontramos na vida e nos desencontramos no resto. Uma dessas raras e pequenas coisas que podem passar rápido mas que eu não quero deixar. Vês? És muito simples e eu morro de medo. Porque eu disse que gosto de ver essas coisas todas e sempre achei que nunca estariam reservadas para alguém tão crente em ideias como eu. Achei que era demasiado concreto para mim. E morro de medo porque não posso. E estou fodida porque já não posso voltar atrás na sensação de que abriste portas proibidas na minha mente. E é por isso, é por isso que eu pinto quadros pretos e destruo tudo. Há coisas em mim a mexer e se algum dia me tocas eu corro o risco de não parar. Por isso, eu gosto de ti e é substancial saberes que eu tenho tanta vontade como oposição a ser feliz e tu és as duas coisas, porque a simplicidade é equilíbrio e "deus me livre" de não ser louca.
Extremamente bem escrito , sigo. :)
ResponderEliminarO que vertes pelas linhas deste recanto lê-se de um sopro. São entrelinhas onde encontro certos reflexos daquilo que Me alicerça, seja através de contornos alvos ou sombrios.
ResponderEliminarHá magia em ti Raquel, imensa magia.
Como é possível não ter encontrado este espaço há mais tempo? Obrigado pelas horas de leitura que me iras proporcionar, pois és uma daquelas pessoas que desconhecemos pessoalmente, mas que nos acrescentam cabalmente.