Número dois


A tua pergunta era como é que fui capaz e bem até hoje não te sei dizer porque o ódio que eu tinha era tão parecido com amor, que até hoje nem eu entendo. Eu achava que estava tudo certo. Quando te conheci gostava de dizer que era muito santa e trair era errado. Mas isso foi até apareceres e me atirares contra uma parede. Ensinaste-me tão bem quando me tocas-te o ouvido para dizer que não repetias nada. E nunca te repetiste, porque não tinhas critério nenhum. Éramos tão bons juntos e tão maus um para o outro que eu nunca abdiquei de fazer o melhor para te fazer sentir o pior. Era proibido em todos sentidos deixar o que tínhamos para ficar juntos e ninguém podia saber que eu e tu nos encontrávamos na praia à noite. Convencias-me que era impossível eu não cair nas tuas manias e eu aprendi a tua melhor. Nas noites em que não consigo encontrar-te, faço repetição à última que estive contigo e ao ver a tua cara de medo não posso deixar-me de sentir orgulhosa por ter superado o meu mestre. Enquanto me ias injectando com o teu veneno, foi maravilhoso ver que perdias os sentidos. Ficaste cego porque te aparecia à frente nos sítios mais improváveis, depois porque te provocava e não gostavas de ser atiçado e quando te vi a explodir, creio eu para não me magoares, entendi que eras fraco o suficiente. Mas ontem, quando te encontrei e tive que voltar a fingir que não te conhecia, tiveste exactamente o mesmo sabor e o teu olhar continua a ser o de quem vê a morte trespassar-lhe o corpo. É isso que eu gosto em ti e felizmente, somos o ponto fraco um do outro, e foi nisto que me enganaste e não em todas as merdas que me dizias e nas quais eu fingi acreditar. Eu e tu afinal não somos iguais e a menos que saibas como ser nada, não podes ser tudo. É por isso que és o número dois, só, o meu número dois.

8 comentários:

  1. Bem dizem os antigos que o ódio é o sentimento mais próximo do amor. E não será mesmo?
    (Quanto a mim em relação a ti: mais longe, mais presente)

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  2. Adorei.
    O numero dois que com certeza é mais o numero 1 , porque te marcou mais do que talvez imaginarias. Sao essas pessoas e experiencias que nos marcam mais e que as destinguimos das outras, e essas outras depois nao têm praticamente sabor depois de termos provado o veneno dessa forma, sentido dessa forma.
    Tambem me aconteceu algo assim parecido, eu era a santa e ele nao, e depois inverteu-se, mas sempre fui louca por ele , ate que passado 10 anos a vida junta-me a ele e eu mudei mas cresci e atinei e hoje estamos juntos provamos o veneno um do outro e hoje sabemos que nao nada nem ninguem nos ensinou e marcou tanto no bem e no mal como a nos.
    Tenta tirar o lado bom dessa historia. a vida da muitas voltas...

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  3. Ai de ti que não faças! Manda-me o link mal tenhas isso em preocessamento!

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  4. Quero um numero dois para mim. Ahab
    R: no caso disso fujo para Viana. Ahab

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