Chegará o momento, eu previra, eu vira como seria. Fechei os olhos e esperei. Chorei outra vez. Lembrei-me o motivo daquilo tudo: eu.
«Ele é que tinha o nome, Angel, e aqui o Anjo sou eu. Sou o mito, a resposta de todas as coisas, de todos os mistérios. Toda a minha existência, porque nem vida tenho, fui algo sobrenatural, pior que isso, sou eu o Anjo dos Anjos, o Anjo da Morte. E o meu pecado: a paixão por um mortal. E um anjo pode ter pecados?! Mas também dizem que os anjos não tem sexo e aqui estou eu...»
Senti a aproximação deles, senti os passos no solo encharcado e imundo. Estavam cada vez mais perto...
«... Como poderia explicar a alguém que amava e desejava com todas as minhas forças e sentidos que não era como ele, que não era humana, que não me podia sequer envolver na sua existência. Porque Anjos não devem amar mortais nem imortais, anjos não devem envolver-se com qualquer ser de maneira a que lhe queira mudar o destino. Porque Anjos sabem o destino, e podem muda-lo mas não devem! Anjos não devem amar porque como tal querem proteger de todos os infurtúnios do destino, e esse está escrito e não deve ser quebrado... E eu, Anjo da Morte, que encaminho a morte até ao seu corpo, muito menos! »
Senti o “noc noc” forte na porta. Fui abrir quase sem me conseguir mexer.
Ali estavam eles luminosos e deslumbrantes. Todos os Anjos eram assim, eu era assim, mas eles Supremos Anjos eram realmente sedutores.
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