ROSALIE

Sala. Sangue. Chão frio. Tristeza, amor e ódio. Vozes a ecoar, gritos a abafar.
Mesmo cheio de sangue, mesmo com a boca a afogar-se de si mesmo, continua lindo e consegue cortar-me a respiração.
- Ro... Rose... Rosalie! – esperneou.
- Desculpa... – as lágrimas escorriam-me e só o sentia o sal, tinha a cara dormente de dor – Desculpa, eu não queria fazê-lo, mas...
- Como foste ca... capaz?! – questiou-me e questionou-se a si mesmo.
- Tu sugas-me a alma! Mas eu amo-te tanto, desculpa... – já não sentia nenhuma parte de mim.
- Cala-te! Tu não amas ninguém... Como o fizeste, co... como? – estava às portas da morte e ainda não sabia como eu o tinha feito...
- Eu pus veneno no copo, não querias que sofresses! Sei que estás a sofrer... Por favor... Morre! Acaba com esta dor! – implorei. Sentia que eu é que estava a morrer.
- Rosalie, eu dei-te tudo, dei-me... Porquê? Diz-me porquê!
Como é que lhe ia dizer aquilo?! Estava já com dores no joelhos de ter o seu peso sobre mim. Nunca o chão me pareceu tão frio, nunca a sala me pareceu tão grande e vazia. E no entanto pouco sentia, mas ainda assim via beleza naquilo tudo. Que final melodramático e sedutor: dois corpos no chão, sangue a escorrer de uma das bocas, a boca que se deitava no peito do outro. Dois corpos envolvidos como nunca.
- Ro... ROSALIE! Eu sei... – abriu os olhos o mais possível apesar do cansaço.
- Sabes?! Sabes o quê?! Tu não me conheces! MORRE! – senti um calor subir e empolar-me o pescoço e a face.
- És uma lunática, uma louca, uma
de.. Demente! Uma ... – disse a esforço. Já pouco respirava.
- Não digas isso, não tenhas essa imagem, não quero que morras assim... Eu não queria fazer isto, já te disse! Percebe que não há mais ninguém a quem possa amar senão eu mesma! – revelei. Chorei ainda mais e o calor apagou-se.
- Sempre foste egoísta, sempre foste fria e ainda assim amo... amei-te! Porque só te podes amar a ti? AI! – aquele gemido de dor cortou-me o estômago.


(continua...)

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