Isto de querer perceber é uma morte antecipada das coisas. Ninguém percebe nada. Tudo é um constante mistério para a percepção vazia de significados diária. No fundo toda a gente percebe tudo e como se no fundo alguns desses quisessem estar, há quem procure as profundezas das coisas. Se calhar somos corajosos e andamos a querer cumprir à risca o conceito de "atirar de cabeça" quando às tantas somos todos uma merda que ficamos a meio do caminho. No meio de perceber as coisas percebes tudo menos aquilo que andavas à procura, e, não te assustes, acabas sempre por saber mais de ti do que esperavas. Mas eu escrevo o teu nome nas minhas costas, enquanto passo a mão na pele seca e desnutrida do meu peito. Numa cama sem lembranças, eu lembro o vazio de te ter na minha vida. A falta de presença e como se eu já soubesse tudo, tudo é esperado e previsível. Não sei o que é isto. Das raras vezes em que entendi sem querer entender, perdi-me. Do propósito das particularidades, do objectivo das minhas intenções. Gostava de estar perdida de amores por alguma coisa que eu não conhecesse, a estupidez disto é esta. Não quero nada fora de mim, tudo me morre à partida. A segurança é uma sensação feia e as casas são o pior lugar do mundo para se estar. Batalhas em causas perdidas. Mas onde e como é que me tornei humana o suficiente para me apaixonar por ti e por estas adversidades ao meu ego, é que eu não percebo. Não estou pronta e nunca vou estar, para me entender. Consequentemente, eu posso até querer decifrar o próximo mundo que me aparecer a frente, nada me sobrará para resumir porque percebo de olhos fechados, virada tão para dentro, proibindo-me de sair da casa que são os meus medos. Faço perguntas como quem prepara armas. O fascínio no desconhecido é fácil e egocêntrico porque te deixa imaginar as coisas como queres, eu não gosto de facilidade. Há uma tendência para criar tempestades para mim mesma e não gosto de tanta coisa só porque não gosto. E no meio dessa falta de razão eu fui gostar da única coisa que eu nunca gostei. Escrevo o meu nome em toda a parte. É provável que não tenha escolhido isto, não queira perceber nada ou perceber menos, só porque não gosto de ti como às vezes não gosto dessas coisas todas. Percebo tudo, não aprendo nada. Sei lá quando te devo acabar. Não te ouvi muito bem e tu não disseste nada. Naturalmente.
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