O nosso inferno


Não consigo sentir nada por ti e à mínima sensação de que possa vibrar o meu peito por soar o teu nome na minha cabeça, controlo a minha pele e paro o meu corpo. Há muito tempo que te tornaste numa questão prática e pragmaticamente falando eu evito-te e vou fazê-lo sempre que puder. Já li milhentas páginas de como as pessoas se podem tornar na droga uma das outras mas, meu amor, nunca te vi tão claro. Tão claro que dói. Chamei-te meu amor ou escrevi-te porque tu és o meu karma e eu trato bem as minhas sinas, no caso de um dia elas se lembrarem de mim. O nosso grande vício é este: o de estarmos errados. Gostamos de ser um erro, dividir as culpas, não ter respostas. Somos a questão da vida um do outro. A permanente pergunta que nos mantém a inteligência desperta, a emoção vibrante para ter algo para contar. Mais do que nada, para contar aos nossos botões. Até me pergunto se te achas um herói ou algo do genéro, por achares que tens estofo para viver este grande amor. Meu amor, não tens. Não te enganes, eu também não. Eu disse-te que tentaria olhar as coisas como elas são de frente e encarando assim não me restam grandes actos de correr atrás de ti, mandar-te mensagens à meio da noite ou mostrar-te seja o que for e, tu sabes, se não há nada que te possa mostrar então não tenho como recordar-te. É, tu sabes que eu vivo à medida que amo. Já sei que disse te amava, sei disso tudo. Perdi a conta às vezes que me condenei por isso e comparando com as vezes que te disse pessoalmente - uma vez apenas - podes até chamar-me covarde. Mas é como diz a música "não me chames covarde por falta de paleio". Porque foi como se no meio de tudo, eu soubesse que tinhas tanta conversa como eu. Pois. Falei de erros não foi? Somos especialistas. Tu sabes errar tão bem e eu gosto de o fazer muito mal. Quanto pior fosse o desfecho, quanto mais lágrimas tivesse o dia, quanto mais suspense arranjasses e quantas mais desculpas eu inventasse, mais nós gostávamos. Somos o diabo no corpo um do outro. O nosso amor é um inferno. E não sei se já te contei, que entre ser ou não ser anjo, eu sempre fui mais do que simplesmente isso. Bem, o meu problema é que tu também. Por isso, erro-te quantas vezes forem precisas e não é o que tenha feito muitas vezes. 

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