Quatro da manhã


Já não sei escrever para ti. São quase quatro da manhã. E inúmeras as frases que eu apaguei. Como as mensagens que nunca te envio de todas as bebedeiras que apanho e talvez devesse manter esta parte para mim, mas a verdade é que das mil vezes que me disseram este mês que eu devia esquecer-te, embora me tenha custado mais olhar para ti, eu não esqueci. São centenas as vezes que eu luto, não por ti, mas contra mim. Calculei-te mal como calculo as minhas vontades e não consigo expressar numericamente as contas à vida que já fiz por causa disto. Devia ir dormir mas desde que foste embora o meu sono tornou-se inconstante. Eu fiquei invulgarmente fria e o suficiente para ter este gelo à noite, não importa a temperatura que esteja no quarto, porque sinto falta do que não tive contigo e não há quem aguente ter o que não é seu. Não posso pedir-te nada e tu não podes esperar nada de mim porque é provável que acabe por ultrapassar isto sem nunca ter feito coisa alguma. Já deves ter reparado até que sou egoísta para não ouvir ninguém quando toca a sentir-me bem e é um facto que eu não corro atrás de nada e que me ensinaram a caminhar lado a lado em tudo o que faça mas até isso eu não sei explicar. Eu tenho vontade de mudar a situação, mas não sei se reparaste na quantidade de dias que passaram. Em todos eles ou me partiste o coração de uma outra maneira ou me roubaste a paz. Dói-me a cabeça quando ouço o teu nome, quando vejo as tuas coisas, quando volto a ler as tuas mensagens, quando te vejo e quanto sei que estás onde eu estou. Dói-me a alma. Dói-me o corpo. As minhas ressacas são aliás bastante más porque não percebo onde meti eu afinal eu a minha coragem. Talvez nunca me tenha sabido tão mal perder alguém, é verdade. E já perdi muita da minha capacidade de desejar o impossível. E tenho umas saudades enormes tuas apesar disso e sei que o meu lugar não é ao teu lado mas mete-me uma confusão que me tenha sentido tão bem contigo e que ainda ache que isto é tudo só uma merda qualquer aconteceu. Mas não é e um dia vou saber escrever-te, porque um dia eu ganho coragem para escolher não te escolher. E agora sim são quatro da manhã. Vou para cama sem te dizer "boa noite", mas sim eu vou habituar-me, como tu.

3 comentários:

  1. Quanto menos tentares esquecer mas depressa irás conseguir ultrapassar. De tanto ignorares acabará por se tornar real.

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  2. Não consegui ler até ao fim porque me revejo muito neste texto. Força, porque a luz vai voltar*

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