Consumos


Guardas as coisas no peito, porque as consomes ou foste consumida. Deixas que te vivam a pele apartir de dentro e nunca és capaz de meter pomada nessas feridas. Relembras vezes sem conta memórias nos quadros que pintaste e detestas a maneira como passaste o pincel. E o resultado final não te interessa, repetes vezes sem conta o processo de ter de fazer, para não te disserem que não fizeste nada, mesmo que nada seja o que tu queres. Sentada no sofá, vês os mesmos programas vezes sem conta e não te sentes bem em casa nem em lado nenhum. Tens a mesma vontade nas coisas e nas pessoas, de que te fiquem para sempre mas elas vão e tu ficas sempre no mesmo grupo de gente de quem ninguém se lembra. Se soubesses amar, já tinhas amado. Se soubesses chorar, já tinhas chorado. Mas tu não vives. Não te vives e nunca te sentiste. A tua pele pela qual as mãos que passaram não te tocaram o coração, não te cabe na medida do que és e desconheces os teus músculos e a sua capacidade. Nunca superaste o teu medo e a frieza, com que partes em mil pedaços o carinho que te dão, é aquilo que te mantém viva. Sabes que podes não ter coragem para ti mas és uma heroína para o mundo. E acordas a querer mais, sempre mais e nunca sabes demais. E tens a razão como a tua escrava e és criada de ti mesma à noite. Quem me dera que fosses parecida contigo mesma e com aquilo que tens de melhor, ontem quando eras o teu pior. Guardas as pessoas no peito, porque nunca te consumiste.

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