Vejo-te por aí


Não quero nem saber do que vão dizer. Esta varanda foi tudo o que sempre quis. Uma cidade nua e crua e o meu café quente na mão, cheio de espuma e mal tirado, fraco para não precisar de muito açúcar. Deixa-me só por as meias pretas e um vestido branco, eu posso arriscar, todos me acham uma rainha e a rua é o meu eterno cenário. A nossa casa é pequena e nem é nossa, desta vida precária resta-me a tua ausência. Tenho que viver assim para pagar as contas, tu não te importas que passe fome.
O fumo do meu café nublou-me os óculos e eu cada vez vejo pior mas não quero nem saber o que vão pensar, já te disse. Que fui má, que não pensei, que quero tudo, que fiquei sem nada. Que já não era sem tempo, que me vou arrepender, que me fiz um favor e que te dei uma dor.
Uma cadeira preta num azulejo molhado da chuva, perigoso, foi tudo o que sempre sonhei, sem amor, sem companhia se não uma colher para mexer a chávena.
Não quero nem saber, vai embora e deixa-me que eu não gosto disto de ser tua e do nada.

1 comentário:

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