Múltiplos


Não sei se acho piada a maneira como o tempo vai passando, como os dias e os meses vão correndo, alheios à nossa vontade. À minha. Devo ser de facto das poucas pessoas que se preocupa com o que poderia ter feito de maneira a que não consiga largar as coisas. Gostava de poder largar os momentos com a mesma velocidade que algumas pessoas se movem para o futuro. Mas não posso deixar de achar engraçado que a vida tenha poucos timings, que seja tão bonita que nunca acertamos na altura dos nossos passos porque supostamente um dia tudo se vai encaixar. É essa fé que tudo correrá bem que eu gostava de deixar de ter. Tenho a ideia que aqueles que vivem mais são aqueles que são desapegados dessa vontade. No fim tudo se poderá resumir a vontades e talvez a minha maior seja conseguir tudo o que quero. Dizem que temos que deixar ir e que nem sempre a vida nos faz o favor de que as coisas corram como queremos, mas eu acho que o problema não é deixar ir, o problema é partirmos nós mesmos. Lidando com os resquícios do que foi nosso, do que não foi. Arrumando a cabeça, sabendo que devemos correr o mais longe possível do passado na ânsia daquilo que seremos. Mas quando tudo é bom e tudo corre bem é fácil ficar mal habituado. E no fim em vez de vontades talvez sejam os caprichos que nos sobram e, se assim for, posso estar condenada a lembrar-me de tudo para sempre. Não, não é saudável, mas até que ponto isso não me ajudou mais do que prejudicou na maneira como vou lidando com as novidades e mudanças dos meus dias, isso ainda é um segredo. Os segredos fascinam-me por isso acho que aquilo que me mantém ligada a algumas coisas é o que facto de eu não as entender. Acho que será sempre para mim um orgulho tanto como é um esforço admitir que não entendo algo. Mas sou voltas à minha cabeça e sinceramente todas as coisas e pessoas no mundo me parecem simples. Básicas até. Todas menos tu. Tudo se alinhou em ti para que eu nunca fosse perceber as tuas razões e essencialmente a tua razão na minha vida. É provável que nesse futuro que eu espero, eu finalmente tenha clarividências do teu sentido mas até lá deixa-me dizer-te que nunca ninguém me deu a volta a mente desse jeito. Dizem que o pior mesmo é isso. Mentes. Quando te apaixonas por uma mente. Dizem-me que é por isso que é complicado estar ao meu lado, quando eu sou só extremos e quando tenho que pensar e escrever sobre tudo. Em facto já alguém disse nunca te apaixones por uma mulher que escreva. E no fim o mesmo fascínio que tenho por ti não pode ser o mesmo que tens por mim porque eu nunca te dei hipótese para tal. E a fina certeza de que tu nunca me poderás entender deixa-me inquieta na possibilidade de se tu achas isso algo tão clássico como eu ou se o achas algo do qual tens que fugir. Se aprenderes a fugir, deixa-me saber como se faz, já agora. Porque a única coisa de que eu fujo é daquelas que posso ter, sim é uma contradição, ou talvez seja essa a minha maneira de lá chegar. Bem, nisto eu não vou chegar a lado nenhum, mas que o meu orgulho é que te tenha para contar e ser a minha maior inspiração, tanto porque como não te tenho sei que nunca ninguém te teve ou vai ter como eu. Talvez mais, talvez menos, como eu não. Mas o meu propósito foi cumprido? Sair sem marcas e marcar. Não, evidentemente e felizmente que não. 

11 comentários:

  1. E direi as palavras de apoio as vezes que forem precisas :)
    Obrigada linda :')

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  2. "Em facto já alguém disse nunca te apaixones por uma mulher que escreva."

    Uma mulher que escreva é fogo!

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  3. Foste a única pessoa que entendeu o que quis dizer!

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  4. Primeiro de tudo, muito obrigada, enche-me o coração ver que as pessoas ainda gostam do que escrevo, mesmo quando eu próprio tenho duvidas... E sim, ninguém merece alguém que a vá deixar por uma vida de noites e mil e um corpos diferentes... Aprendi isso da pior maneira.

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  5. "Quando te apaixonas por uma mente. Dizem-me que é por isso que é complicado estar ao meu lado, quando eu sou só extremos e quando tenho que pensar e escrever sobre tudo. Em facto já alguém disse nunca te apaixones por uma mulher que escreva. E no fim o mesmo fascínio que tenho por ti não pode ser o mesmo que tens por mim porque eu nunca te dei hipótese para tal. E a fina certeza de que tu nunca me poderás entender deixa-me inquieta na possibilidade de se tu achas isso algo tão clássico como eu ou se o achas algo do qual tens que fugir. Se aprenderes a fugir, deixa-me saber como se faz, já agora." exactamente isto, mas ele é igual a mim... ou seja, chocamos muito mas completamos-nos muito.

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  6. Não mandei porque ainda não chegou o dia. Mas também não vou mandar, porque entretanto ele mandou-me sms e consegui perguntar-lhe quando é que deixou de gostar de mim. Portanto tudo daquela mensagem deixou de fazer sentido, agora.

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  7. Ele disse "Sinto um carinho por ti, mas nada como antes." e lá explicou a história de quando as coisas esfriaram.

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