Diverte-te


Tu roubas-me as palavras, podes dizer isso, e a única que eu gostava de te dizer é adeus. "Merda, merda e merda". É só o que me apetece gritar. Não consigo. Como não consigo evitar estar contigo mesmo sabendo que não vale a pena o esforço. "Vou-me foder". E apesar disso nem magoada vou ficar. Porque não dá, eu sou de falar coisas bonitas, não de as ouvir. O que me dizes sai-me a mil. Nunca acreditei no amor de declarações exuberantes, mas sempre o vi como uma manifestação. Como um acto involuntário tanto como a medida em que amas. Não da boca para fora, nem de corpo para dentro mas sim como um gesto de tudo o que és em tudo o que fazes, sem pensar porque amar é ser louco. É assim que o vivo. Não esta loucura de ser cego porque não se quer ver. Já tive a minha dose de romantismo. Quero paixão. Quero isso que não se muda nem se mente porque algo não nos deixa fazê-lo. Se tu me amasses, se tu me quisesses por inteiro, tinhas. Se tu me amasses de cada vez que me vês, não conseguias ficar aí. Porque gostar de alguém assim nunca vai ser sereno. Por isso só posso entender que tudo o que dizes é só isso mesmo, dizer. E o que tu queres não sou eu, é a ideia desse amor que podes contar com pormenores, enquanto me dás duas de letra. "Mas dás o caralho!", porque podes dizer o que quiseres, se me queres enganar, conquista-me primeiro. E estás a perder-me porque o amor não se faz por mensagens nem na cama. Tu não me amas porque nunca és tu que te revoltas com isto. Sou eu. É a mim que me magoa e irrita e tira do sério. E eu não vou ficar à espera de algo que só vem quando é conveniente. Porque às vezes sou conveniente para ti. Como é que eu sei? Porque o que tu dizes nem é falar. O amor sente-se, faz-se, vive-se, não compactua com meias palavras, meios olhares ou actos inexistentes. Por isso quando me quiseres amar, eu ainda vou lá estar. Enquanto isso não me peças que alinhe nisto porque já nem tu és igual, porque todos os dias, mais um pouco, ou és tu que já não me queres enganar ou sou eu que já não acredito em ti.

6 comentários:

  1. muito obrigada, Raquel :))
    e à medida que fui lendo este texto fui-me identificando cada vez mais e mais com tudo isto, está lindo!
    «Nunca acreditei no amor de declarações exuberantes, mas sempre o vi como uma manifestação.» penso assim também

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  2. O amor é algo tão estranho. Tão instável...

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  3. Não deixes divertir-se contigo. O amor é "tudo" e mais alguma coisa, não uma falta de empatia e de sentimentos. beijinho e sê forte. ^^

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  4. " E estás a perder-me porque o amor não se faz por mensagens nem na cama." Disseste tudo.

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