Entre nuvens


Quando te perdi, também me perdi. E telefonei-te tantas vezes sem resultado, num gesto egoísta para me encontrar mas tu nunca estiveste lá. E enviei-te tantos emails e cartas de papel e as respostas eram do computador e todos os manuscritos vieram para trás. Todas as vezes que te tentei encontrar, perdi-me ainda mais um pouco e quando tudo piorou tentei passar por todos os lugares onde andavas, mas tu nunca estavas lá. Um dia respondeste. Disseste que não sabias onde te encontrar para me responder e que não sabias enviar cartas, que estavas sem rede para me responder, que te ausentaste da cidade e por isso eu nunca te vi mais. Disseste que não sabias olhar-me nos olhos para me dizer que te arrependias. Disseste que não sabias admitir como te tinha custado ser tão cego. Disseste que nunca mentias, principalmente, a ti mesmo. Mentiroso. Eu encontrei-me, mudei de número, de email, de cidade. Sacudi as minhas roupas e fiz a mala, deixei uma carta a todos e tu ficaste com as que já tinhas numa gaveta para nunca leres. Todas as minhas lágrimas quando apanhei o avião. Encontrei-me entre as nuvens a dizer adeus a todos os que me obrigaste a deixar. Fiz-me mulher e nunca mais te liguei, nunca mais sonhei contigo e esqueci-te. Mas ontem, passaste por mim na rua onde eu morava, passado todos estes anos e, ficamos juntos.

10 comentários:

  1. ai, fiquei arrepiada com isto, Raquel! parabéns :)

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  2. adoro o teu blog. adoro o que escreves. continua. sigo! :) dá uma olhada no meu se não te custar muito :)

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  3. Quando o passado nos encontra ficamos sempre sem saber o que fazer não é? Tudo aquilo que tínhamos decidido fica dormente e parece que voltamos a reviver os tempos antigos. Gostei imenso deste texto!

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