Destino cumprido
Combinamos de dividir as despesas, já que ias ficando todas as noites na minha casa, com a desculpa de ser muito longe voltar para a tua. Tu disseste que cozinhavas e eu fazia as camas de solteiro. Um dia, deixaste a escova de dentes e disseste que querias ser independente e já que eu me sentia sozinha, ficavas comigo. Tudo por conveniência. No dia das mudanças, ignoraste-me cheio de amigos à tua volta, todos amigos que te ajudavam e amigas que te davam uma mãozinha. No dia a seguir, fizeste-me pizza no microondas e confessaste que afinal não sabias nem estrelar um ovo. Mais uma conveniência, apesar de nem eu ser grande cozinheira. Lembrei-te que não tínhamos uma amizade assim tão grande e que estávamos a ir longe de mais, mas estava frio naquela noite e o vinho que compraste para o jantar era tão bom. Não éramos amigos mas já tínhamos sido, lembraste-me. E era verdade, mas já tinha passado tanto tempo e estávamos tão diferentes... Fomos os melhores amigos até, eu contava-te tudo e tu respondias-me com o olhar, eu contava-te das minhas paixões e tu descrevias a rapariga dos teus sonhos, podíamos passar horas a fio ao telemóvel e houve uma vez que gastaste o teu saldo comigo só para me contar de um sorriso qualquer e nem sei no que acabamos a falar. Todos diziam aquelas coisas estúpidas de não sermos bem amigos até que tu foste embora. Agora enquanto estás aí deitado ao meu lado, na varanda do meu quarto, desejava nunca te ter conhecido e nunca ter mudado e nunca ter perdido e nunca ter encontrado. Adormeci e de noite, senti as tuas mãos frias taparem-me os ombros e eu agarrei-te a mão e não precisei de pedir. Em todos os minutos que tinham passado até aquele dia, o mundo sabia e nós conhecíamos o nosso destino. Tinhas o peito mais definido, mais quente, maior e os teus ombros eram como um telhado à luz sobre mim e não conseguiria ver nada porque os meus olhos estavam nos teus, os meus dedos também, tudo era uma parte de ti e nunca mais uma parte de mim. De manhã, todas as tuas coisas tinham desaparecido e nem sinal de ti. É isso que é o destino cumprido.
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Ilusórias Certezas - Facebook
gostei muito muito intenso
ResponderEliminarAdorei o texto, escreves tão bem :)
ResponderEliminarQuerida, não leves a mal o que te vou dizer... Faz muito tempo que eu não lia um texto tão bonito e tão sentido como este mas acho que me perdi com os erros ortográficos (muito provavelmente vindos da distracção), acho que devias ter isso em atenção porque torna a leitura complicada :)
ResponderEliminarDe qualquer das formas, adorei! É real ou fantasia? :)
Estou a ficar viciada no teu blog*
ResponderEliminarNão tens de agradecer, fico feliz por ter ajudado! :)
ResponderEliminartodos nós temos/iremos ter alguem assim fofinha (:
ResponderEliminarQuem me dera escrever assim ainda, baby!
ResponderEliminargosto do que escreves porque vês as coisas pelo teu próprio olhar, sem estereotipos ou lugares comuns
ResponderEliminarnão Raquel, apaguei-o deve estar a fazer um mês :)
ResponderEliminarhouve razões sim, algumas que considerei graves. não é fácil vermos as pessoas que queremos bem a fazer coisas que não são delas, a venderem quem são para se tornarem mais "cativantes" aos olhos dos outros. quem não vê é como se não soubesse e por isso poupei-me a isso. e foi, também, porque preciso de estudar e manter-me calma e em paz, coisa que todas essas situações não me permitiam. foi uma opção minha e só fiquei a ganhar :)
ResponderEliminarManda-me aí :p
ResponderEliminarAdorei, adorei o texto, está muito forte e de uma escrita muito boa :) Muitos parabéns!
ResponderEliminarhttp://wtshnoname.blogspot.pt/
Está tudo muito mudado, babe. Quando quiseres as portas estão abertas :)
ResponderEliminarNão sinto medo. Acho que não sinto nada.
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