«Henrique»


Estava a correr à horas e o Henrique nunca mais chegava para me mandar parar... Vi uma casa ao fundo, muito vaga no meu campo de visão.
A casa tinha um ar assustador, velho mas ao mesmo tempo de conto de fadas. Arrisquei em entrar... A porta rangeu e senti a madeira a estalar. Era fria e branca lá dentro, tinha apenas mais uma porta, uma mesa e uma cadeira de madeira escura e gasta. Aquela porta do outro lado da sala chamava-me...
Estava muito cansada de correr e por isso sentei-me na cadeira velha. Esta fez um barulho estranho como se fosse cair ou partir, mas deixei-me estar. Senti-me sonolenta e os meus músculos começaram a relaxar, apesar de ter medo de adormecer nesta casa estranha, deitei a cabeça na mesa. Os meus olhos ficaram pesados...
Alguém pegou em mim ao colo. Senti um frio mas voltei a dormir.
Quando acordei já estava do outro lado, ou pelo menos parecia ainda estar naquela casa mas noutra sala. Estava deitada numa cama mole, muito mole, sem almofadas e de lençóis brancos, suaves como seda e quentes. Sentia-me bem ali. A cama era única peça de mobiliário e era apenas um estrado. Senti movimento lá fora e pela marcação do passo parecia estar alguém a espera... Talvez a espera que eu acordasse.
Deu-me um aperto no peito, mas foi um bom pressentimento e confirmou-se...
Abri lentamente a porta e o aperto no peito continuou a aumentar ao abri-la. E ao abri-la completamente, e ao abrir os olhos para lá dela, quase ceguei (...)

(continua)

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